Wednesday, December 30, 2009

Killing for love - Kidnapping for love - Sean Goldman's case. By Bernadete Holveri

Matar por amor - Sequestrar por amor - Caso Sean Goldman. Por Bernadete Holveri

Este artigo feito pela jornalista e roteirista Bernadete Holveri, pode ser encontrado no blog Bola do Tempo, que foi publicado ontem.

Posto a seguir um trecho do artigo e logo após sua tradução ao inglês.
No dia 30 de dezembro de 1976, Evandro Lins e Silva, então com 64 anos, Advogado, Jurista, ministro do Supremo Tribunal Federal de 1963 a 1969, ocupante da cadeira de nº 1 da Academia Brasileira de Letras, acabava de usar a expressão que assombrou muitas mulheres: “legítima defesa da honra”, na defesa de Doca Street, um playboy carioca que assassinou com 4 tiros Angela Diniz, na casa desta em Búzios. Dr. Lins e Silva conseguiu para Doca Street a pena de dois anos com “sursis”, ou seja, em liberdade. Ele provou ao juri que a culpa não era de Doca Street e sim da vítima por ser ela, nas palavras do Advogado e Jurista, uma - "mulher fatal",e este era Doca Street em suas palavras - "Quando a boa índole do criminoso, o seu passado honesto, a qualidade moral e social dos motivos e a forma apenas violenta da execução do crime, seguida de manifestações de arrependimento ou de remorso, mostrarem que o mesmo crime - passional ou emotivo - foi um triste e doloroso episódio na vida normal do criminoso, não há razão para lhe ser aplicada alguma pena, ainda mesmo que não desonrosa. Toda repressão seria inútil e, como tal, iníqua.", ou seja, o homem pode “matar por amor”. (ver http://tinyurl.com/yauk2et ) (....)
Para ler o artigo na íntegra, clique aqui. To read the full article in Portuguese, click here.

Em inglês (In English):
On December 30, 1976, Evandro Lins e Silva, then 64 years old, Lawyer, Jurist, Minister of the Supreme Court from 1963 to 1969, chair member number 1 of the Brazilian Academy of Literature, had just used the expression that haunted many women, "legitimate defense of honor", in defense of Dock Street, a playboy from Rio who murdered with 4 shots Angela Diniz, in her house in Búzios. Dr. Lins e Silva managed to get Dock Street a two year probation with "sursis ", that is, in freedom. He proved to the jury that the fault was not Dock's, but the victim because she was, in the words of lawyer and jurist, a - "femme fatale", and that Dock Street was, again, in his own words - "When the good nature of the criminal, his honest past, the social and moral quality of motives and just the violent way of executing a crime, it is followed by expressions of regret or remorse, showing that the same crime - passionate or emotional - was a sad and painful episode in the normal life of the criminal, there is no reason to apply any punishment, even if dishonorable. Any prosecution would be futile and, as such, unjust. " in other words, man can "kill for love." (see http://tinyurl.com/yauk2et )

Years later one of his descendants, João Paulo Lins e Silva, found the right to kidnap Sean Goldman, also for love. He was married to the boy's mother, who died, and basically took the son of his real father, the American David Goldman, and in a relationship very well known, the Stockholm syndrome, tried to make the boy call him father and wrote for all to see that it was he who was in charge of the boy. View http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/dizventura/texto.asp The real father, fighting in the American and Brazilian justice for those 4 ½ years, having to collect money for donations to be able to pay the court costs for he is a common American citizen, without inheritance from father or grandfather, to take his son back, suffered from missing his kid and was exposed by the Brazilian colonized Media, especially in Rio, as a vagabond, a scoundrel. Meanwhile Mr. Lins e Silva walk around in Búzios displaying David Goldman's son as his, because for a Lins e Silva, if you paid, is yours. To that lawyer, grandson of a minister of the Supreme Court, justice is in your hands. He managed to divorce the wife without Goldman's knowledge. She was divorced in Brazil and not in the United States, and our justice gave him custody of the boy Sean Goldman.

He justifies himself: "Immediately after the death of my beloved wife, I went to court to request the temporary custody of Sean, who has looked after by me and with whom I maintained a relationship father - son for over 4 years. I received temporary custody of consent by the State Public Ministry in my favor. "

Of course, the judges had all been students of his grandfather.


A Brazilian court has acted this way for a long time. It is the great power in Brazil. They all bend their knees to the judiciary. We got to the point where the Supreme Court overturn the Press Law, making the free press in a month and keeping censorship to a leading newspaper in Brazil, in Sao Paulo, the following month.

Until when we will allow this?

What shocked me most in Sean Goldman's case was the Media defending the husband's of the dead mother of the boy, even though the Hague Convention is to ensure that these cases do not happen, so that children are not kidnapped from their parents and their countries. The boy is American, born in the United States and was kept here for 4 ½ years without the father's consent because the boy's mother was a successful businesswoman in Rio, and married to a Lins e Silva.

The press made a fool of itself in Sean Goldman's case. Turned public opinion against the boy's father because he's a regular guy and the husband of her dead mother is a wealthy 'carioca' (from Rio) well connected in the judiciary and grandson of a lawyer who considered Angela Diniz guilty for having been killed by Dock Street. The daughter of Angela Diniz, then 12, was the one who suffered most from the death of the mother. I imagine the anger she must have for the lawyer that acquitted the murderer of his mother.

Sean Goldman will grow and become a man. I wonder what he will feel to have been used by unscrupulous people without sense of justice.

This is the Brazil we live in. It seems we are in the 19th century. The ignorance here is what makes us think of patriotic disaffection.

BSHolveri

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Tuesday, December 22, 2009

Christmas miracle: a father & son together, at last.

Milagre natalino: pai e filhos juntos enfim.

Foto do Jornal o Estado de São Paulo, 24 de dezembro de 2009. Facilitada por um membro do BringSeanHome.org site.

Actions speak louder than words. Uma foto, com certeza, vale mais que mil palavras!

Na imagem acima, você vê imagem de pai e filho embarcando junto. Enquanto o pai acena feliz, o filho o segue sem nenhuma evidência de conflito ou luta.

Final Feliz! Feliz Natal!!!

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Friday, December 18, 2009

Latest News on David Goldman's case in Brazil - O Globo Agency

Últimas notícias sobre oo caso David Goldman no Brasil - Agência O Globo
Família brasileira de Sean convida pai norte-americano para festa de Natal

O advogado Sérgio Tostes, que representa Silvana Bianchi, avó materna do menino Sean, de 9 anos, que quer mantê-lo no país, disse hoje (18) que encaminhou uma carta ao pai biológico, o norte-americano David Goldman, convidando-o para passar o Natal com o filho e a família brasileira. Segundo Tostes, a decisão foi tomada após uma longa conversa com a família. A declaração foi dada em seu escritório, no Centro do Rio, ao lado de Silvana Bianchi.
Em inglês:

Family Brazilian Sean invites American father for Christmas party

Attorney Sergio Tostes, representing Silvana Bianchi, grandmother of Sean, age 9, who wants to keep it in the country,
said today (the 18th) that sent a letter to the biological father, the American David Goldman, inviting him to spend Christmas with his son and family in Brazil. According Tostes, the decision was taken after a long talk with the family. The statement was given in his office in downtown Rio, alongside Silvana Bianchi.

FONTE: Agência O Globo

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Tuesday, December 15, 2009

Chile: learning from the past, living in the present

Chile: aprendendo do passado, vivendo no presente

O Chile é aquele país delgado na costa do Oceano Pacífico, já ouviu falar? Aquele país que o professor na aula de geografia vivia repetindo que é o único da América Latina que não tem fronteira como o Brasil. Então, esse mesmo... que deveria mais bem ter sido estudado na aula de história e políticia, aliás muito bem estudado!

O Chile é um país rico em histórias; com passado dramático e profundo.

Apesar de não ser mais novo de que nenhum outro país latino-americano, o Chile, que tornou-se independente da Espanha em 1818 por conta do Libertador, o General Bernardo O'Higgins, é um país de lutas, batalhas. O pai da pátria, como é mais conhecido O'Higgins, nasceu na cidade de Chillán, que talvez você conheça por ser um popular centro de ski para brasileiros e alguns europeus, e lutou a batalha da independência na cidade de Concepción.

Foto do centro histórico de Chillán, memorial do Libertador Bernardo O'Higgins.

Conheço as duas cidades muito bem. Quando primeiro cheguei ao Chile, em 1990, o país saia pela primeira vez da ditadura militar do General Pinochet e fui morar nessa minúscula cidade, Chillán. Meu pai e sua familia são dalí. Já Concepción, é cidade vizinha do porto de Talcahuano, lugar onde se travou muitas batalhas. Até hoje pode-se, por exemplo, ver o navio Huáscar, que representa a vitória na batalha naval onde o Chile derrotou o país vizinho, o Perú, geralmente motivo de orgulho no país. Concepción é a cidade de minha mãe e sua familia.

Chillán, uma cidade de aproximadamente 253.000 habitantes , é cercada pela Cordilheira dos Andes. Concepción, a segunda maior cidade do Chile, depois da capital, Santiago, com uma população de cerca de 900.000, é próxima ao oceano Pacífico. A distância entre as cidades hoje em dia é mínima. Pode-se chegar de um extremo a outro, da cordilheira ao mar, em aproximadamente 2.5 horas.

Um país de extremos, o Chile, tem de um lado desertos e no outro geleiras. O Norte, a região, árida possui um dos desertos mais cálidos do mundo com temperaturas de até 45º C durante o dia, que caem abruptamente à noite fazendo com que a diferença chegue a ser de até 50º! O deserto do Atacama é maravilhoso e pessoas de todo o mundo o visitam pela sua grandiosidade. O Sul, a região que cerca a Antártica, é conhecidíssima por cientistas que dia trás dia observam e estudam o mundo, o planeta e o universo de lá. Mas o Chile é mais do que isso. Seus extremos não se encontram só na natureza. As pessoas são as mais amavéis e e fortes que já conheci.

O país seja no Norte ou no Sul, no mar ou na cordilheira, já viveu muito em seus quase 200 anos de história desde sua independência. Tem muito para contar. Uma história de sangue, de lutas, de perdas e vitórias, contra seus vizinhos, contra sí mesmos. Este país não é singelo, seus habitantes embora desconhecidos pela grande maioria do mundo e, às vezes, até da América Latina, não são nada fragéis. Receberam como herança o melhor e pior do capitalismo. Vivem na pele a desigualdade e a suposta "estabilidade" financeira. E lutam com garra pela igualdade social desde sua emancipação.

As marcas do passado estão em todas partes, nas pessoas, nas empresas, nos partidos políticos, nas ruas, mas também a nova geração vê-se por fim livre delas e não querem mais nada com o ele, com o passado. O país por fim solta-se das amarras da repressão, da censura e vive intensamente sua liberdade, tão desejada, tão verenciada. O Chile hoje dá valor ao que não tem. A liberdade é como o ar, que quando não se tem, te asfixia e os chilenos viveram quase asfixiados por anos.

Me extendería muito se fosse explicar os motivos para a perda dessa liberdade. Mas posso dizer com certeza e apoio dos livros de história e provas reconhecidas pelo mundo afora que parte, grande parte, dessa perda se deve aos EUA. Mas também boa parte da perda ou ganho, talvez seja por conta de chilenos, como Pinochet, por exemplo. Nunca saberemos como seria o país de Allende, se o socialismo que ganhou nas eleições de 1970 e que levaram meus pais e muitos outros indivíduos, como Pablo Neruda, ao exílio e outros à morte, seria tão ou mais cruel quanto o de Cuba hoje, completamente isolado e limitado em liberdade. Ou se teria sido tão democrático quanto o que vimos recentemente no termo de Michelle Bachelet, uma socialista.

É que o Chile, apesar de ser um dos melhores países em termos de estabilidade socio-econômica na América Latina, não é diferente de outros em termos de distribuição de riquezas. O Norte rico em mineiros sigue sendo explorado, pessoas continuam a ganhar bem abaixo da média em todo o país, a educação e outros benefícios socias como a saúde pública continuam ser questões que o mantém em posição de terceiro mundo.

Mas há uma diferença. Uma grande diferença. E não é racial, como gostam de pensar os argentinos, que na grande maioria se distanciam da descrição de latino, por se identificarem com os europeus. A diferença é de atitude. Alí se respeita o passado, se aprende com ele. Os jovens hoje em dia o ignoram mas não por falta de conhecimento, mas por querer romper com o velho e abrir novos caminhos.

Só assim para viver um presente pleno e consciente. Só assim pode-se ter não só esperança mas fé que o futuro será diferente. Se no passado estão os grandes conflitos, as grandes dores e lutas, os chilenos sabem que no presente se encontra a verdadeira alma do futuro: tentam evitar os erros, avançam com erros e acertos, mas sempre com os pés no chão, sem esquecer do passado que não lhes impede de abraçar o futuro repleto de novidades e diferenças.

Minha experiência pessoal no Chile foi também marcada de importantes lições. Elas definem meu presente e me servem de guia. O sofrimento, a dor da "perda" e as adversidades da vida, eu conheci de perto quando lá vivi. No Chile aprendi. Aprendi bem mais do que jamais poderia ter pensado aprender. Por mim, nunca teria deixado o Brasil, meu país natal, mas se não tivesse sido pelo Chile, meu passado, a terra dos meus pais, nunca teria aprendido. É só através do passado que a gente pode realmente viver o presente e assim ter um futuro melhor.

O Brasil precisa acordar para as lições do passado sem tirar os pés do presente. Precisa avançar e, de fato, avança, mas não pode ignorar que uma das mais grandes lições de seu passado: a liberdade não tem preço.

Fonte da foto: Site do TravelPod.

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Sunday, December 13, 2009

Pespectives: "Chile: Leading Candidates for Presidential Elections"

Chile: Os Candidatos às Eleições Presidenciais
Por Nike Jung, Global Voice Online

A caminho das eleições presidenciais no Chile, quatro candidatos lideram o primeiro turno das votações do dia 13 de dezembro: o candidato da Coalizão pela Mudança (Coalición por el Cambio) Sebastián Piñera, o democrata-cristão Eduardo Frei da coalizão governista Concertação (Concertación), o independente Marco Enríquez-Ominami e do partido de esquerda Juntos Podemos Mais (Juntos Podemos Más), Jorge Arrate.

Foto das eleições de 2005 no Chile, por Alastair Rae. Usada sob uma licença Creative Commons: http://www.flickr.com/photos/merula/153178094/

A atual presidenta Michelle Bachelet foi a primeira mulher eleita presidenta no Chile em 2006. De acordo à constituição ela não pode se candidatar à reeleição e ficar no poder por dois termos consecutivos. O candidato Eduardo Frei busca outro termo como presidente após ter ocupado o cargo de 1994 à 2000. Filho do ex-presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970) cujo assassinato tem sido recentemente tema de discussão, Frei é apoiado pela coalizão atualmente no governo, que tem dominado a política chilena desde o fim da didatura de Pinochet em 1990.

Para o blogueiro Juan Pablo Opazo , é a experiência anterior de Frei no governo o que o faz questionar se o candidato é o mais adequado para lidar com as necessidades atuais do país:
no seu governo não houve progresso em nenhum dos temas que hoje são são necessários para ganhar mais votos. Seja com uniões civis entre homosexuais, a entrega e distribucição das pílulas do dia seguinte, aborto terapêutico, entre outros temas que ele nunca teria dado apoio se não fosse porque tinha baixa popularidade há quase uma semana antes das eleições.
Embora a presidenta Bachelet apóie sua nominação, Frei, de 67 anos, continua sendo pouco popular entre los chilenos, que é geralmente atribuída à forte desilusão de muitos cidadãos com a Concertação e seu rumo neoliberal. Isto aumenta as chances dos concorrentes de Frei, principalmente Sebastián Piñera. O candidato de direita combina as forças do partido Renovação Nacional (Renovación Nacional), RN, com as da União Democrata Independente, (Unión Demócrata Independiente) UDI, onde muitos dos seguidores de Pinochet agora se encontram. É a segunda tentativa de Piñera em ganhar a presidência: en 2005, ele perdeu para Bachelet no segundo turno.

Piñera é um dos homens mais ricos do Chile: recentemente a revista Forbes estimou sua fortuna em um bilhão de dólares. Ele esteve envolvido em um escândalo com a empresa aérea chilena LAN, pela qual foi multado em $700,000 USD ao comprar ações da aérea enquanto possuía informação previlegiada sobre a mesma. De uma forma ou de outra, seus diversos assuntos de negócios são matéria de crítica, como Daniel Mansuy descreve no seu blog Cadernos da quinzena (Cuadernos de la quincena):

O problema de Piñera é com ele mesmo: enquanto ele não for capaz de explicar quem ele é, será difícil confiarmos nele. Em outras palavras: já vi o Sebastián Piñera com a camiseta da UC [Universidade Católica do Chile] (quando foi a San Carlos), com a dos Wanderers (cuando tentou ser senador por Valparaíso) y com a do Colo Colo (já que é acionista): qual será o verdadeiro Sebastián Piñera?, em qual deles a gente acredita? Às vezes temos a sensação de que nem ele mesmo sabe muito bem.


Foto de magoexperto. Usada sob uma licença Creative Commons: http://www.flickr.com/photos/magoexperto/2975945703/

Na maioria dos temas de debate os candidatos apelam a assuntos de ordem moral: matrimônios do mesmo sexo, aborto (que é ilegal no Chile, mesmo em caso de estupro ou risco de vida para a mulher), pílulas de emergência e a legalização da maconha para uso terapêutico. Neste campo, quem tem vantagem é o candidato de 36 años Marco Enríquez-Ominami (conocido como MEO entre os chilenos), quem publicamente deixou a Concertação este ano e agora se candidata de forma independiente.

A vantagem do MEO é sua juventude: filho de um importante líder de esquerda, percebe-se que ele fica à vontade falando sobre o direito dos homosexuais, mais que qualquer outro candidato mais velho. Tal como Piñera, dono de um canal de televisão: Chilevision, MEO é um candidato que conhece bem os meios de comunicação já que tem experiência como produtor e diretor de documentários. Ainda que o sistema eleitoral chileno tradicionalmente favoreça a estabilidade de dois partidos ou coalizões, o candidato independiente poderia ser um sério concorrente nas eleições.

Em contraste ao fenómeno MEO (”fenômeno”, como é conhecido popularmente), Jorge Arrate, candidato da esquerda extraparlamentária, tem poucas chances de ganhar. Atraiu certa atenção nos debates na televisão e Internet, mas apesar de seus bons discursos, até seus seguidores, como a blogueira Anai Le reconhecem que sua situação é difícil:

Ah, já esquecia, Arrate não tem nem uma chance sequer de ganhar.
Pra mim, isso lhe dá uma aura meio romântica; uma coisa de gladiador que vai à luta mesmo sabendo que vai morrer. Mas vai até o fim.
O blogueiro Alejandro Lavquén resume brevemente outros candidatos con menos chances de continuar nesta primera parte das eleições:

Pamela Jiles vem de um mundo político sério e comprometido, mas seus inimigos a associam com a indústria de entretenimento devido aos seus últimos trabalhos na televisão. Mesmo assim, ela seria uma alternativa confiável para os independentes. No caso de Eduardo Artés se trata de um dirigente de longa trajetória cuja doutrina é sólida. Héctor Vega Tapia é uma figura pública desconhecida, se comparado com os outros candidatos, mas seus esforços seriam suficientes para permitir que ficasse e o nome de sua campanha soa pelo menos significativo.

A começos deste ano, o governo propôs reformas à lei eleitoral chilena, criada sob o régime Pinochet, que permitem mudar o sistema atual onde o registro eleitoral é voluntário, e uma vez que seja passado, votar será obrigatório. O jornal A Nação (La Nación) atualmente reporta 200,000 novos registrados nos cadernos eleitorais.

Para ler o original em inglês ou acessar em outros idiomas (espanhol e francês), clique aqui.

Traduzido por Simone Palma

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Wednesday, December 2, 2009

David Goldman's story, in his own words.

A história de David Goldman, por ele mesmo.

Muitos já ouviram a história desse pai, David Goldman, repetida uma e outra vez na mídia, seja ela americana ou brasileira, mas poucos desconhecem a história de milhares de pais e mães, e pior ainda, crianças, separados dia trás dia nos Estados Unidos e no mundo.

Com este caso as pessoas estão conhecendo um problema que nos dias de hoje é cada vez mais comúm e problemático no mundo. Crianças raptadas por um membro de família que nem sempre se limita a fugir dentro do próprio território nacional, onde vivem, mas que são levadas a outros países onde nem sempre é possível ter intervenção judicial.

Os pais que "ficam pra trás", abandonados, sem ao menos ter como recorrer à justiça, são muitas vezes, ameaçados a ficarem quietos ou correrem o risco de nunca mais verem seus filhos.

A história de David Goldman e a luta para trazer seu filho Sean para casa, virou símbolo de todas essas histórias. É dramática e, ao mesmo tempo, heróica pois é uma história de coragem. É através dela que descobrimos outros casos não só aqui nos EUA mas em todo o mundo.

Esta história ocorre no Brasil, um país latino-americano, mas poderia bem ser em qualquer outro país do mundo. Saibam do caso nas palavras do próprio David Goldman, que tem vivido na pele a experiência e que ainda há de ajudar muitos outros pais no futuro a não ter que passar pelo mesmo aqui nos Estados Unidos e no resto do mundo:

Depoimento de David Goldman na Tom Lantos Commissão de Direitos Humanos em Washington D.C. - 2 de dezembro de 2009.

David Goldman testifies before Congress from costavideo on Vimeo.


Vídeo feito por Costa Video Production. Fonte: BringSeanHome.org

"Bom dia. Antes de começar o meu testemunho, gostaria de dividir com todos uma imagem que fica se repetindo na minha cabeça.

Deputados (e deputadas) que aqui estão perante esta comissão hoje, antes de serem eleitos, deve ter acontecido alguma coisa que os levou a se comprometerem à sua posição. Vocês imaginaram que poderiam fazer diferença, vocês devem ter imaginado que poderiam mudar as coisas para melhor. Talvez por experiência pessoal ou por sua exposição a política, em algum lugar alguma coisa aconteceu que os incentivaram a concorrer ao seus cargos, com uma imagem que vocês poderiam e que, de fato, trariam mudanças.

Agora imaginem 66 crianças americanas, o que seria mais ou menos o número de alunos em quatro turmas de quarta série em escolas americanas. Uma dessas crianças poderia ser o seu filho, um parente ou filho de um amigo. Imaginem que essas crianças viajaram para o Brasil em uma excursão com duração de uma semana.

Imaginem que a viagem acabou e que estão no ônibus a caminho do aeroporto, ansiosos para voltarem pra casa. O ônibus chega ao aeroporto e as crianças – todas as 66 – são proibidas de sair do ônibus. Os acompanhantes saem do ônibus, as professoras, o motorista, todos saem do ônibus, mas não as 4 turmas de 4ª série, todas crianças americanas. Imagine o horror e a dor das crianças, sabendo que não vão voltar para sua Mãe ou Pai, irmãos, irmãs, primos, tias, tios, avós, amigos, para a casa que amam e onde vivem. Imagine, se puder, a dor e angústia daqueles que esperam pelo retorno de suas crianças. Um ônibus lotado de 66 crianças americanas proibidas de voltar sem razão nenhuma. Imagine agora mais um ônibus vazio, ao lado desse, esperando mais crianças americanas pra enchê-lo. E um a um estes assentos começam a ser preenchidos. Vocês tem a imagem na cabeça, só que a imagem é real. Precisamos trazer nossos filhos pra casa. As crianças, nossas crianças, meu filho precisa voltar pra casa. Precisamos da sua ajuda. Precisamos da sua ajuda.

Bom dia e obrigado por esta oportunidade.

Meu nome é David Goldman. Nasci na Filadélfia, Pennsylvania. Em 1999 me casei com Bruna Bianchi Goldman, de dupla cidadania brasileira e italiana, e residente permanente dos EUA até a sua morte em agosto de 2008. Tivemos juntos um filho, Sean Richard Goldman, nascido em 25 de maio de 2000 em Red Bank, New Jersey.

Em junho de 2004, levei minha esposa Bruna, seus pais Raimundo e Silvana Ribeiro, junto com Sean ao Aeroporto Internacional de Newark para as férias planejadas que deveriam ser de 2 semanas. Durante este tempo, eu planejava a festa de 30 anos da minha mulher. Eu não tinha idéia de que, ao levar meu filho, minha esposa e seus pais ao aeroporto, seria a última vez que veria Bruna e que levaria mais quatro anos para ver meu filho, Sean, novamente.

Logo após sua chegada ao Brasil (minha mãe lembra que foi no Dia dos Pais) recebi uma ligação de Bruna. Ela começou a dizer que eu era um ótimo pai e um homem bom, que ela não tinha nenhum arrependimento em relação ao nosso relacionamento e de termos tido Sean juntos, mas que nosso caso de amor havia acabado e ela havia decidido viver no Brasil com nosso filho. Ela continuou a dizer que se eu quisesse ver meu filho de novo, que eu teria que ir ao Rio de Janeiro imediatamente e assinar um documento de 10 páginas que seu advogado havia redigido. Sem meu conhecimento, Bruna havia secretamente entrado com processo de custódia na Vara Estadual do RJ, e eu precisava ir ao Brasil para que fosse servido dos documentos. De acordo com Bruna, o documento continha várias exigências: Sean ficaria permanentemente no Brasil com Bruna e sua família. Eu tinha que abdicar do meu papel de pai de Sean e conceder custódia total a Bruna, nunca poderia ir à polícia americana e prestar queixa de sequestro, nunca poderia fazer pedido de custódia nas cortes americanas, não poderia entrar com pedido de divóricio nos EUA, e não poderia interferir com os seus planos de obter cidadania americana. Ela terminou me dizendo que se eu não acatasse todas as suas exigências, eu nunca mais veria o meu filho e que gastaria todo o meu dinheiro tentando fazê-lo.

Já que meu tempo é limitado, irei poupá-los de todos os detalhes da minha experiência imediatamente após o choque e o horror do que havia escutado de quem, naquela época eu pensava, era minha amada esposa. Literalmente levei anos para descobrir que suas ações eram nada mais do que parte de um sequestro bem planejado e executado.

Eu não sabia o que fazer. Fui criado em um lar amoroso, com pais que já eram casados há mais de 40 anos. Divórcio, separação e sequestro de crianças eram coisas desconhecidas para mim. Minha preocupação era apenas com o bem-estar do meu filho. Compreendi que para acatar as exigências que minha esposa havia feito e assinar os documentos que ela e seus advogados haviam preparado eu estaria abdicando de todo e qualquer direito que tenho em relação ao meu filho, e ele os dele, em relação a mim, seu pai. Procurei auxílio jurídico. Pesquisei sobre sequestro internacional de crianças, e me foi indicado o nome da Sra. Patricia Apy, especialista em sequestro familiar internacional de crianças. Nos encontramos para uma consulta em que fui informado que o Brasil era signatário da Convenção de Haia, um tratado internacional assinado por ambos Brasil e EUA, e outros 80 países no mundo inteiro. Fui informado de que o tratado é uma ferramenta para agilizar o retorno da criança que foi ilegalmente removida por um dos pais para longe do outro. Também fui informado que Brasil e EUA haviam assinado a Convenção de Haia pouco antes do sequestro do meu filho e que o meu seria um dos primeiros casos no Brasil.

Há 2 condições importantes que precisam ser atendidas para requerer o retorno imediato de uma criança perante a Convenção de Haia. A criança deve ter sido removida ilegalmente de um país signatário, sua “residência habitual”, para outro país signatário, e o “Pai Deixado para Trás” de quem a criança foi sequestrada deveria ter direito a custódia quando a remoção ou retenção aconteceu. Se ambas as condições forem atendidas, o retorno é obrigatório. A corte do país “sequestrador” apenas tem o poder de considerar outros fatores e recusar o retorno quando o pai deixado para trás espera mais de um ano para entrar com o processo, ou o pai/mãe sequestrador tem provas claras e convincentes de que o país onde a criança residia não é capaz de protegê-la de abuso ou negligência. A corte do país sequestrador é proibida de julgar qualquer disputa de custódia. A corte do país sequestrador é obrigada a retornar a criança dentro de um período de seise semanas para assegurar que a criança terá o mínimo possível de perturbação em sua vida.

Em meu caso, todas as condições necessárias para o imediato retorno de Sean aos EUA foram atendidas. As condições foram atendidas, reconhecidas e foram adicionadas aos processo na justiça brasileira. Dentro de 45 dias após a data prevista de Sean retornar das férias, a justiça americana decidiu que a remoção de Sean havia sido ilegal e que Bruna e seus pais teriam que devolve-lo. Quando Bruna recusou-se a fazê-lo, entrei imediatamente com um processo baseado na Convenção de Haia junto ao Departamento de Estado dos EUA. Bruna e seus pais contrataram advogados tanto em New Jersey como no Brasil para contrapor e atrasar a ordem final de custódia física total. Também tive que contratar advogados no Brasil para entrar com o processo de retorno já que a Autoridade Central do Brasil tinha recebido o pedido dois meses antes e nada tinha feito. Segundo o Gabinete de Assuntos Relativos a Crianças do Depto de Estado, se eu contratassse advogados particulares, eu poderia perder assistência da Autoridade Central. Eu continuava a ser submetido a obstáculos e atrasos no Brasil. Eventualmente, a justiça brasileira confirmou que a residência habitual de Sean era nos EUA e que ele havia sido removido e retido ilegalmente. Todavia, afirmaram que embora manter Sean no Brasil fosse uma violação da Convenção de Haia e das leis americanas, durante este ano em que as cortes brasileiras demoraram a julgar o meu caso devido a “atrasos estratégicos”, Sean já estaria “adaptado” com sua mãe no Brasil. A corte adicionou que o contato com a mãe é a coisa mais importante na vida de uma criança e que não iriam separar mãe e filho. Preciso enfatizar que segundo a lei do tratado, retornar uma criança à sua residência habitual não significa separar a criança do pai/mãe sequestrador, mas designa a corte que tem jurisdição – neste caso a corte superior de NJ – a decidir quaisquer decisões relativas à custódia.

Apesar de que todos os critérios sob a Convenção tenham sido atingidos para requerer o retorno imediato do meu filho, as autoridades e justiça do Brasil não ligaram. Não havia nenhuma base jurídica em nenhum dos dois países para suportar a decisão feita pelas autoridades brasileiras; era uma violação clara das obrigações do tratado. E durante este tempo os EUA honravam a sua parte neste tratado recíproco e continuavam a retornar crianças ao Brasil, enquanto que meu filho e um número crescente de crianças americanas vão sendo sequestradas para o Brasil e não mais retornam. Até hoje, nenhuma criança foi devolvida aos EUA por orderm da justiça brasileira. Mesmo assim, durante este tempo todo, nenhum aviso foi dado a pais em situação similar à minha, ou a advogados e juízes americanos que discutem custódia e arranjos de visitação. Que embora seja um “Parceiro do Tratado”, o Brasil estava simplesmente se recusando a aplicá-lo. Enquanto presto testemunho aqui hoje, o relatório oficial ao congresso, preparado pelo departamento de estado, ainda descreve o Brasil como “demonstrando padrões de não-cumprimento”, em vez de “não-cumprimento”.

Dentre outros, há três grandes defeitos na manipulação deste caso: a falha da autoridade central brasileira de imediatamente entrar com processo de retorno e vigorosamente apoiar o retorno de Sean; o sistema judicial brasileiro, que tratou o caso do sequestro como uma mera disputa de guarda; e ambos os governos insistirem que o caso moveu agilmente e dentro da lei internacional.

Obviamente, apelei à decisão da primeira corte, e durante todo o processo de apelação e mesmo com constante empenho de meus advogados nos EUA e Brasil para que conseguisse acesso a Sean, sob toda e qualquer circunstância, eu era constantemente rejeitado e decepcionado. Apesar de que nunca houve um processo de divórcio nos EUA, onde fomos casados, Bruna casou-se novamente com um advogado sem meu conhecimento. Seu novo sogro, também advogado no Brasil, foi descrito como um especialista em sequestro parental internacional. Ele dá palestras sobre manobras que um advogado esperto pode fazer no sistema judiciário para criar atrasos infinitos e manter uma criança abduzida no Brasil o maior tempo possível. Ele também pregou sobre o abuso psicológico que o pai/mãe sequestrador aflige à criança, e eu o cito “transformam a criança em um míssil de ataque, dirigido a ferir aquele a quem se culpa” (uma cópia destas palestras pode ser produzida).


Compreendo que um país assinar a Convenção de Haia e aceitar sua adesão parece melhor do que ter usar uma solução potencial para o retorno de uma criança retirada/retida ilegalmente.

No entanto, se não existe reciprocidade, e não há prestação de contas quando não há retorno de crianças, a situação dá esperanças a pais/mães americanos de acordo com um tratado que não passa de uma ilusão. Este é um tratado baseado em responsabilidade mútua e pode ser o tratado internacional mais importante baseado na boa vontade das nações participantes em reconhecer que maior do que diferenças sociais, religiosas e políticas está o supremo direito do relacionamento entre pai e filho para todos os seres humanos.

Meu caso estava pendente na Suprema Corte do Brasil quando, como a maioria já sabe, Bruna faleceu.

Apesar da grande perda que Sean sofreu, eu não tive a oportunidade de confortar meu filho, nem fui informado da morte de Bruna por aqueles que retém Sean. Descobri apenas quando uma pessoa próxima de mim leu um artigo na internet e me enviou. Pensando que esta longa e dolorosa jornada estava prestes a acabar, viajei imediatamente para o Brasil com a avó de Sean, minha mãe, para estender os pêsames à família de Bruna e, mais importante, confortar Sean. Após vários telefonemas não atendidos e tentativas de contatar a família de Bruna, meus advogados entraram em contato com os advogados de Bruna pedindo mais uma vez que Sean e eu fossemos reunidos e começar o processo de seu retorno aos EUA. Foi então que descobrimos que o novo marido de Bruna havia entrado com dois processos em segredo: um na vara estadual do RJ solicitando que o meu nome e o nome dos meus pais fosse retirado da certidão de nascimento de Sean, e que ele fosse nomeado pai de Sean, Simultaneamente, ele entrou com processos na Suprema Corte, onde o caso original estava pendente, no nome de Bruna, sem revelar sua morte à Corte. Fui então comunicado que teríamos que adicionar o nome do marido de Bruna ao processo e começar tudo da estaca zero. Isso já faz mais de um ano.

Em fevereiro eu finalmente pude ver o meu filho pela primeira vez em mais de quatro anos, após múltiplas ordens judiciais e apesar dos obstáculos ainda criados por aqueles que mantém meu filho consigo. Apesar de todos os obstáculos, nosso encontro foi maravilhoso. Meu filho e eu tínhamos a proximidade e amor que eu não me dei ao luxo de ter esperança que tivéssemos. Nosso reencontro foi tertemunhado pelo deputado Chris Smith, a oficial da embaixada americana Marie Damour, e oficial consular Karen Gustafson de Andrade. O reencontro também foi testemunhado pelos sequestradores que, em retorno, intensificaram seus esforços na tortura psicológica do meu filho.

Finalmente, no dia 1 de junho deste ano, a justiça federal do Brasil ordenou o retorno imediato de Sean. Entretanto, não estou mais perto de ter meu filho comigo. Seu retorno foi bloqueado por um processo orquestrado para prevenir que a ordem fosse executada, oriundo de um partido político que se opõe à Convenção. Fui submetido a mais de 20 manobras judiciais após o julgamento, para continuar a atrasar o processo o obstruir a aplicação do tratado. Mais pérfido, enquanto o desespero deles aumenta, meu filho, Sean, foi submetido a intensa pressão psicológica por seus sequestradores. Incluindo o transporte de meu indefeso filho de 9 anos a uma instituição mental para que pudessem examiná-lo, em vídeo, solicitando uma afirmação de que ele contesta retornar aos EUA. Sou otimista e grato que a nossa mídia regional e nacional, cuja atenção neste caso difundiu o problema de sequestro internacional para todo lugar, se recusou a mostrar estes vídeos. Enquanto que as autoridades brasileiras fizeram o mesmo, Sean continua refém, em custódia de seus sequestradores, ainda longe de retornar aos EUA e sujeito ao que o juiz federal, três psicólogas enviadas pela corte e o Ministério Público descreveu como “abuso psicológico”.

Bruna faleceu em 23 de agosto de 2008. Agora faz mais de cinco anos desde o sequestro de Sean, e mais de um ano desde que Bruna morreu e ainda assim, um homem que não tem nenhum vínculo de sangue com o meu filho, um homem que a justiça brasileira chamou de segundo sequestrador, bloqueia o retorno do meu filho. Neste tempo todo meu filho e eu continuamos vivendo milhares de milhas de distância. Meus pais – avós de Sean, suas tias e primos em New Jersey – todos que amam Sean e desesperadamente aguardam o seu retorno – acabamos de concluir nosso sexto jantar de Ação de Graças com um assento vazio esperando que Sean o preenchesse.

Não consigo expressar a minha gratidão com o privilégio de agradecer, pessoalmente, todos aqueles que já fizeram coisas extraordinárias por mim e Sean. A manifestação de apoio dos cidadãos americanos e brasileiros, bem como cidadãos de outros países, me faz lembrar que eu não estou sozinho, enquanto meu filho e eu encaramos este inferno. Agradeço aos diplomatas americanos que discretamente mas persistentemente durante os últimos 5 anos usaram seus parcos recursos para ajudar no retorno de Sean. Aos seus colegas, deputado Chris Smith, quem me ajudou com suporte constante e continua pessoalmente dedicado a lutar contra sequestro parental internacional, para onde for, e para o meu deputado Rush Holt, que continua insistindo em manter meu caso à frente do congresso, pedindo urgência. Há no momento legislação sendo introduzida a este grupo que é incrivelmente importante, não só para mim, mas para os pais de outras 65 crianças americanas retidas no Brasil e milhares retidas em outros países. Para o empenho de tanto a secretária de estado Hillary Clinton como o presidente Obama, que sei que mencionaram o assunto com seus homólogos, somente posso expressar minha gratidão. Entretanto, fico decepcionado quando vejo que promessas e garantias feitas para este grupo, e para a nossa secretária de estado e ao nosso presidente, pelo Brasil, aparentemente são vazias e 66 crianças americanas continuam no Brasil, incluindo Sean, em violação da lei internacional e que aparentemente que não haja consequências por essa violação de obrigações do tratado, e que não haja que o governo dos EUA possa fazer para proteger seus cidadão deste roubo de crianças, as mais vulneráveis dentre nós.

Rezo que minha tragédia pessoal termine logo e para que meu filho Sean e eu possamos logo reconhecer e amar um ao outro como pai e filho como fizemos por 4 anos antes do sequestro. Rezo que o congresso americano não apenas convoque audiências sobre esta tragédia, mas que se junte em esforço bi-partidário para passar leis que garantam que o governo americano tenha as ferramentas necessárias para que as crianças retornem imediatamente como o afirma o tratado e que outros países entendam que há sérias consequências ao recusar o retorno destas crianças. Não poderemos ficar tentando recuperar os anos perdidos, mas podemos ter esperança que poderemos desfrutar dos próximos anos. Meu filho Sean ainda é um jovem menino e poderá sarar. Poderemos sarar juntos, mas primeiro ele tem que voltar pra casa. Eu apelo e peço a todos vocês, no mais básico nível de decência humana, para respeitar a santidade da relação pai-filho. Por favor, tomem uma providência; para fazer diferença, para trazer mudanças, para trazer nossos filhos pra casa.

Obrigado."
Para ler o depoimento original em inglês clique aqui. To read the original testimony click here.

Para assistir a última entrevista de David Goldman na CNN, vídeo em inglês:



Tradução do texto por LukieD. Fonte: BringSeanHome.org. Vídeo feito por Costa Video Productions.

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Friday, November 27, 2009

Opinion of the Week: "Condemned to Prosperity"

Opinião da Semana: "Condenado à prosperidade"

Como prometido, no meu primeiro post sobre o reporte especial da revista inglesa, The Economist, volto a escrever sobre o assunto. Só que desta vez pretendo aprofundar-me na análise de um dos artigos que compõem as 14 páginas da reportagem.

Entitulado "Condemned to Prosperity" o artigo me fez lembrar da Part I do livro "As veias abertas da América Latina" do uruguaio Eduardo Galeano pois o mesmo faz referência às riquezas latino-americanas.

Na matéria a revista diz:
Não muitos países levam o nome de commodities. Tem a Argentina, que provem da palavra em latim que significa prata; Costa do Marfim, que serve de lembrete que as riquezas naturais nem sempre levam à prosperidade; Panamá e Uruguai, cujos nomes podem ter origem de palavras índigenas para peixe; e também o Brasil, que ficou famoso pele sua madeira, o pau-brasil, fonte de uma valiosa tintura. O Brasil já passou por vários booms: o dos metais preciosos no século XVII, açúcar no XVIII e café no XIX. Mesmo assim nenhum beneficiou mais o país tanto como o atual.
No caso, a revista se refere à grande descoberta de petróleo na costa do país feita pela Petrobras em 2007, que tem, desde então, gerado muito entusiasmo. Mas apropriadamente a revista nos lembra que "é fácil esquecer que o Brasil já é de fato o maior exportador de café, açúcar, frango, carne e suco de laranja". Não só isso, mas também menciona a liderança do Brasil na comercialização de soja e minérios de ferro, assim como outros minérios e metais.

Vejo que a situação do Brasil, como país de commodities, assim como na grande maioria dos países da América Latina, não tem mudado muito desde que o escritor Galeano notara em seu livro escrito em 1970 que a região continua sendo um provedor de matérias-primas para os países ricos. Nada novo baixo o sol, pelo visto.

É que, apesar de tanta riqueza, ainda continuamos a viver na pobreza. O artigo em questão, retrata apenas dois problemas que enfrenta esse setor lucrativo, mas aponta que o Brasil já superou certos obstáculos que o puseram no centro da economia global. Um deles, "o aprimoramento do sistema financeiro" que deu passo à "maior estabilidade econômica que permitiram às empresas investir sem medo" e o outro o aumento na demanda de commodities à nível global, pelo qual vários países incluindo o Chile tem sido beneficiados.

Os problemas

Um deles é, ainda, o da reforma agrária, quem tem direito à terra. A matéria cita o MST e tenta explicar a complexidade da instituição ao mencionar a diversidade de seus membros, sendo que alguns são associados à assassinos e outros verdadeiros líderes em inovação e justiça social. A outra questão ainda em relação à distribuição da terra se relaciona à Amazônia, lugar onde vários preferem o desmatamento para a apropriação de terras.

O outro grave problema, que gostaria de discutir em mais detalhe é o problema de infraestrutura. Se bem é certo que nenhum brasileiro precisa ser mais uma vez lembrado dos problemas nas rodovias, etc. vale a pena destacar uns trechos do artigo em relação a esse problema.

Estradas perdidas













Um segundo problema que segura os produtores de commodities é a infraestrutura desigual no Brasil. Depois de examinar muitos dados, a Comissão de Crescimento do Banco Mundial concluiu que, com objetivo de continuar crescendo rápido, os países em desenvolvimento devem investir ao redor de 25% do seu PIB, dos quais 7% devem ir para infraestrutura.

Mas, por íncrivel que pareça, em 2007, no mesmo ano da descoberta de petróleo, o país investiu apenas 0.1% do PIB na melhora do transporte, segundo a revista. Ela diz que enquanto algumas empresas, como a Vale, por exemplo, não sofrem com esse problema, pois possui sua própria malha ferroviária, o país continua a usar como principal meio de transporte às rodovias.

No momento em que as mercadorias são carregadas em caminhões, tudo fica mais devagar. Os caminhões do Brasil tem em média, 14 anos de idade. Seus para-choques são normalmente adornados com letras de grande altura declarando que o motorista depositou sua fé em Deus, o que é considerada boa coisa, devido ao estado das estradas e algumas das ultrapassagens que faz com o caminhão.
Mas o problema não para aí. O problema com a infraestrutura é bem mais complexo. A matéria, contudo, enxerga o problema como um freio ao aumento da exportação dessas matérias-primas. Ela falha em notar, por exemplo, a violência e as mortes nas estradas do Brasil. Ela não parece importar-se muito com isso. Afinal, o que interessa é como a riqueza natural do Brasil chega ao mercado internacional.

Mas, como já mencionei em outro artigo, a revista não tem, ou não teve, como intenção expor os profundos problemas administrativos do governo brasileiro. Mas, dá pinceladas, oferece aqui e acolá menções das falhas e acertos da administração atual. "Mas mesmo quando o governo federais e estaduais estão por tras de projetos de infraestrutura e o dinheiro foi alocado, frequentemente nada acontece", diz a revista.

Problemas como esse são comúns, muito comúns no Brasil. Acredito que o pior de todos os problemas é na política, aquela que vem desde cima para baixo, do governo aos cidadãos. A iniciativa tem que ser geral, vir de todos os níveis. No Brasil é común o pensamento do "é cada um por sí", o aproveitamento das riquezas naturais, o que chamam commodities, é a apropriação do dinheiro público é um dos grandes males do país.

Quer dizer que o Brasil, assim com a maioria dos países da América Latina, estão condenados à riqueza e o risco de não saber gerenciá-lo. A floresta amazônica, as grandes extensões de terra já disponíveis para a agricultura e a recente descoberta do petróleo são os grandes desafios do Brasil. Como fazer com que a descoberta do pré-sal não se torne um suicidio ambiental? Como fazer com que a ganância e o roubo que atualmente permeiam o país não transformem tal riqueza em maldição?

A desmatamento da floresta amazônica, a extração de mineiras e as mortes que dela provem é descrita na revista. Infelizmente esse é o caminho errado tomado uma e outra vez pelos governantes e outros envolvido no negócio de commodities.

Sem uma análise detalhada da situação política no Brasil, em junção à situação econômica, a revista perde a chance de fazer a diferença. É que por causa do roubo e manipulação atual de nossas riquezas que não só os cidadãos comuns mas empresários e todos saimos perdendo.

A história tão bem descrita no livro de Galeano continua a soar certa ainda hoje e continuará no futuro próximo da América Latina.

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Special: Latin America voices in Copenhagen

Especial: Vozes latino-americanas em Copenhagen

Lula, a Amazônia e os países ocidentais.

Ao me deparar com o artigo "Brazil Seeks West's Aid on Amazon" do Associated Press, encontrado no NYTimes, minha primeira reação foi postá-lo no Twitter e publicar a versão em português aqui. Como não existia, fiz eu mesma a tradução, confiram:


"Brasil busca auxílio do Ocidente na Amazônia"


O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que os países ocidentais deveriam pagar pela prevenção do desmatamento na floresta amazônica pois esses países têm causado muito mais destruição ambiental no passado do que os madeireiros e agricultores locais.

Lula fez estas declarações momentos antes de começar a conferência sobre a Amazônia, na qual delegados assinaram uma declaração pedindo ajuda financeira ao mundo industrial para deter o desmatamento.

Ele disse que não queria que as nações ricas "nos pedissem para deixar um residente da Amazônia morrer de fome debaixo de uma árvore."

"Queremos preservar, mas eles vão ter que pagar o preço por essa preservação, porque nós nunca destruímos nossa florestas como eles destruíram as suas, há um século atrás."

Lula convocou a reunião para formar uma posição unificada sobre o desmatamento e a mudança climática com as sete nações da Amazônia antes que a reunião de Copenhague começasse. Mas apenas dois líderes das mesmas participaram.
Opinião:

Parece-me que o Brasil já possui suficientes riquezas e que não precisa mais ficar justificando atrocidades sendo cometidas contra a natureza, como é o descaso com a floresta amazônica. Querer que países ocidentais paguem o preço pela preservação de patrimônio brasileiro, quando estes enfrentam desafios ainda mais sufocantes no âmbito ambiental, é com certeza uma má ideia.

De fato, é uma péssima ideia. Afinal, a floresta amazônica já é considerada patrimônio mundial e por essa mesma razão, caso o pedido de Lula fosse um dia vir a se realizar, 'vendê-la' aos países que, como ele mesmo disse (e com razão), já destruíram muito o planeta, seria mais uma oportunidade para acabar com mais uma riqueza natural e afetar ainda mais o nosso frágil meio-ambiente.

Além do mais, que eu saiba, não tem ninguém mais passando fome no Brasil. Se tiver, então há algo de errado com seu programa social que diz ter erradicado a pobreza extrema.

Mas, o presidente do Brasil passa uma mensagem importante para o mundo, ao lembrar que a obrigação de preservação e a responsabilidade pela destruição devem ser compartidas, mas não deve-se esquecer que deve liderar com exemplo. Até agora não tenho razão nenhuma para acreditar que o Brasil irá comprometerse na meta proposta, pois o governo atual não tem poder de palavra. Cumpre só o que parece ser conveniente, conveniente à sua candidatura, para manter o roubo político, o estado de absoluto caos, em que a maioria dos países do continente latino-americano vivem.

Por isso, aconselho àqueles que estejam por aí ouvindo essa mensagem a que sejam bem cautos em alabar ou criticar as palavras do presidente brasileiro e seu governo. E para não dizerem que sou contra o governo atual e a favor do anterior, a mensagem continuará a mesma independente do resultado das eleições em 2010, 2014, etc.

Nosso planeta merece mais comprometimento das nações, das empresas, de todos nós. O aquecimento global é um assunto sério. Agora não é a hora de comprovar ou não teorias, achar culpados, é hora de corregir ações que já sabemos contribuem para a poluição. Precisamos elevar nossa qualidade de vida, já possuimos tecnologia e conhecimento para isso.

Especial: O blog será atualizado com notícias e opinião sobre a presença dos países latino-americanos na Conferência sobre o Clima realizado pela ONU em Copenhagen.

UPDATE 11.278.09: O comentário de Lula aparentemente não foi divulgado pela mídia brasileira, com exceção do artigo "Gringos terão que bancar preservação da Amazônia, diz Lula" publicado no Terra Notícias Online.

Fonte: The New York Times, The Associated Press e foto da BBC Brasil.

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Wednesday, November 25, 2009

A day to say "thanks", my thoughts on Thanksgiving

Um dia para dizer "obrigado", reflexões sobre o Dia de Ação de Graças e seu significado

Para quem não sabe, nesta quinta-feira dia 26 de novembro se celebrará o Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. Um dia qualquer na maior parte do mundo, mas não assim para os americanos que vêem esse dia como um dos mais importantes do ano.

É um dia simbólico na cultura americana e como um bom feriado não falta, é claro, muita comida, principalmente o amigo Turkey, as famosas tortas de maçã e apple ciders. O dia é festivo. Tanto que em Nova York costuma-se celebrar o Thanksgiving com a parada feita por uma das lojas mais famosas no mundo, a Macy's. Mas tirando essa celebração, onde milhares de pessoas, principalmente crianças, acordam cedo e enfrentam o frio típico da época inundando as ruas da cidade para ver o desfile, as ruas ficam desertas, os negócios fechados. É como o nosso Natal, assim é o Thanksgiving americano.

[Aliás, por falar nisso, estou postando as fotos do evento, o primeiro que assisto nos meus quase 10 anos de América. Foi legal porque pude assistir VIP pois enquanto todos estavam na rua, estava bem aquecida e tranquila com meus amigos assitindo tudo do conforto de um edíficio de luxo na frente à avenida!]



Aparentemente os únicos que não aderem à celebração são, como sempre, os imigrantes, e também os famosos delis, mercadinhos locais, os únicos lugares comerciais que se encontram abertos no feriado. Para nós imigrantes é difícil a identificação com o feriado.

Quis entender, participar e por isso com o passar dos anos me uni a outros americanos na celebração. Mesmo assim não podia sentir de perto o significado desse dia. Os anos foram passando, no entanto, e comecei a perceber o real valor do dia ao entender que a grande moral é dizer, simplesmente, "obrigado"! É que ao dar as graças pelo que se tem, sem ter aquela cobrança típica de época natalina, que a gente aprende a realmente dar valor à esta data.

Não sei se faz sentido ou não, mas é raro que nós, como seres humanos que somos, estejamos satisfeitos com o que temos. Sempre queremos mais, é uma insatisfação que bem pode ser sadia pois alimenta nosso desejo de superação que geralmente traz progresso, ou bem pode ser negativa, lenvando-nos à depressão, o grande mal deste século.

Pense bem, dedicar um dia inteiro somente a se sentir grato pelo que se tem, é uma maneira de viver o momento, de estar E ser feliz com a vida.

É verdade que vários cometem suicídio em um feriado como este. Assim como no Natal e Ano Novo, várias pessoas encontram mais um motivo para estarem tristes seja por se sentirem sós, seja por não poderem evitar a infelicidade. Mas o Dia de Ações de Graças é a data perfeita para a celebração da vida. Pra mim, esse dia é sinônimo de felicidade, verdadeira paz, pois não há obrigação de agradar, somente o desejo de estar grato.

Esse sentimento de gratitude é muito poderoso e positivo. Os americanos, talvez por sua origem na maior parte evangélica, tem uma relação diferente com o dinheiro. Há extremos. Há o excesso de consumismo, o afã de chegar no topo custe o que custar, mas também há o outro lado. A sensação que a prosperidade é parte essencial do ser humano, sem aquele sentimento de culpa que nós latino-americanos bem conhecemos.

Por isso nesta data, quero somente dizer "obrigado" por tudo que tenho de bom, por ter saúde, meus pais vivos, um emprego, um lugar agradável onde morar, ter podido chegar onde cheguei, apesar de todas as dificuldades encontradas no caminho. Há motivos de sobra para estar de mal com a vida mas esse dia nos faz lembrar que há também motivos de sobra para não estar.

Termino de escrever este texto no dia posterior ao dia de ação de graças, o Black Friday. Pena que após um dia tão especial, siga-se um tão comercial, enfim, nada é 100% perfeito.

Logo vem o Natal para lembrar-nos que TEMOS QUE comprar presentes, TEMOS QUE estar com a familia, e para essa ocasião nada melhor do que lembrar de fazer comprar na Macy's... não é a toa que ano trás ano, são eles os responsáveis pela Thanksgiving Parade, que não por acaso acaba sempre com o desfile do Papai Noel carregando um saco de presentes. Fazer o quê, né?

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Monday, November 16, 2009

Campaign: Say NO to censorship in Brazil

Campanha: Diga não à censura no Brasil

Neste fim-de-semana fiquei sabendo de mais um ato de censura no Brasil.
Por isso, decidi iniciar a campanha online: Diga não à censura no Brasil.

A intenção é coletar o máximo de assinaturas possivéis e enviá-las ao nosso governo e organizações internacionais, como o Comitê de Proteção à Jornalistas.

Vemos no Brasil um aumento nos casos de censura, uma verdadeira ameaça não só à imprensa, mas à nossa democracia. O que todos estes casos tem em comúm, é que se encontram sob censura após reportarem sobre alguém no governo que é investigado por denúncias de corrupção.

Na maioria dos casos o ataque, ou processo, é feito contra jornalistas independentes, através de seus blogs, mas também existe o caso, no caso, nada insignificante, da censura feita ao jornal o "Estado de São Paulo", já comentado nesse blog em várias ocasiões.

Pois bem, este novo ato de censura é, mais uma vez, significativo. Desta vez, trata-se do blog "Prosa e Política", da jornalista Adriana Vandoni. Este foi processado após divulgar informação disponível públicamente, ou seja, nem sequer, foi por interferir em investigação vigente sobre pessoa política, que 'sofre' acusações de corrupção.

Outros blogs como "A Nova Corja" foram obrigados a sair do ar devido à semelhantes processos, onde a intenção é intimidar e assustar. Assim como no caso do Estadão, a Nova Corja, e o caso recente do blog de Adriana, a jornalista Alcinéia Cavalcante através de seu blog, viu como principal meio de ataque altíssimas multas, que provêm (irônicamente) daquela entidade que se supõe deveria defender os direitos de seus cidadãos: a Justiça brasileira!

Alcinéia diz dever mais de R$2 milhões em processo levantado pelo atual presidente do Senado (é, ele mesmo, o próprio, "Excelentíssimo Imortal" Sarney) e um dos jornais mais bem estabelecidos do país, o Estadão, recebeu censura, ou seja foi proibido, de divulgar informações sob o risco de ter que pagar uma multa de mais de R$150 mil no caso onde (nada mais, nada menos) o jornal reportava a investigação pela qual o filho de Sarney encontra-se envolvido.

O caso do blog "A Nova Corja", não é diferente. Mas o que difere é que o processo foi em parte levantado por jornalistas. Acreditem, se quiser! Por isso há muitos que dizem defender certas formas de censura. Como se censura fosse algo que pudesse ser, de alguma forma, aceitável. Alguns, reclamam, sem nenhum tipo de lógica, que processos são justificados, por protegerem contra difamação. Esquecem-se, porém, que figura pública, não possue os mesmos direitos de simples cidadãos.

Políticos, devem satisfação, assim como os jornalistas, à nós, o público, a quem servem. Por isso, tais processos onde usam a excusa de difamação são, na minha visão, incabivéis.

Enfim, todos esses casos e outros ainda por se revelar, demostram o retrocesso que nosso país vem sofrendo em termos democráticos. Em um país onde jornais e blogs são punidos deste jeito, não nos resta mais do que nos unir e apoiar nossa imprensa (ainda que imperfeita) em defender nossos direitos de livre expressão e uma imprensa livre, claramente descritos na constituição.

De outra forma, iremos continuar vendo casos como esse, não teremos conhecimento do que os políticos fazem com nosso dinheiro e, principalmente, não teremos chance nenhuma como cidadãos comúns que somos de nos expressar abertamente em nossa sociedade.

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Sunday, November 15, 2009

"The Foreigner" in Brazil: when reality meets art

"O Estrangeiro" no Brasil: quando realidade e arte se encontram

Com motivo da celebração do ano da França no Brasil, o espetáculo "O Estrangeiro" dos brasileiros Otávio e Gustavo Pandolfo, mais conhecidos como "Os gêmeos", e o grupo francês "Plasticiens Volants", presenteou nos dias 12 e 13 de novembro a cidade de São Paulo com arte.

Foto: Alexandre Urch

O boneco gigante, o estrangeiro, revela o que é ser humano no mundo. Impulsionado por marionetes, este aprende a andar com elas e em seu caminho vai se deparando com outras figuras, uma mosca, uma serpente e um pássaro, que vão lhe ensinando a viver a vida: como ser independente, lidar com o perigo e, finalmente, a alçar vôo.

Impressionante as impressões dos que assistiram o show, que dizem sentir-se transportados a uma outra realidade. É que, apesar do show ser uma representação da situação humana, o show também surpreende ao mostrar o encontro da arte se com a realidade, transformando-a.

Leiam o post e vídeo feito por um brasileiro que foi visitar o show aqui.

Termino este post com este vídeo sobre os artistas. E atenção: o vídeo foi feito em holandês, mas não há necessidade de tradução.

A linguagem da arte é universal!



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Saturday, November 14, 2009

Opinion of the Week: "Brazil takes off" - Special Report, from The Economist magazine.

Opinião da Semana: "Brasil decola" - Reporte Special da revista "The Economist".

Então, li o famoso artigo na revista "The Economist" e também vi as 14 páginas da reportagem sobre nosso querido Brasil, que na opinião deles é maior história de sucesso na América Latina.

Vou ser sincera, não li tudo ainda, mas o suficiente. Como já faz dois dias que não escrevo no blog, sinto a necessidade de escrever sobre o assunto. Por isso, ainda que incompleta, esta análise pretende somente ser o começo de minha resposta sobre o artigo.

Começo repetindo alguns dos comentários que deixei no Twitter após ler a versão online do artigo. Para os que ainda não leram o artigo, aqui está o link da história tirado direto da fonte. Vale a pena ler o original em inglês, os comentários são priceless!

[Falando em preço... acho um absurdo o preço da revista no Brasil. R$24.90? Really? Esse não é o valor de um livro no Brasil? Aqui a mesma custa apenas $6.99. Para ver os dois artigos publicados em português sobre a matéria da revista americana, clique aqui e aqui]

Enfim, voltando às minhas primeiras impressões do artigo. Bem feito, este artigo não se assemelha a muitos que vejo por aí (escritos pela própria revista) sobre a América Latina que são clueless, ou seja, não tem noção. O artigo realmente faz justiça à reputação da revista. No entanto, há muitas coisas alí que são questionáveis.

Por exemplo, a revista diz:
"And, in some ways, Brazil outclasses the other BRICs. Unlike China, it is a democracy. Unlike India, it has no insurgents, no ethnic and religious conflicts nor hostile neighbours. Unlike Russia, it exports more than oil and arms, and treats foreign investors with respect. Under the presidency of Luiz Inácio Lula da Silva, a former trade-union leader born in poverty, its government has moved to reduce the searing inequalities that have long disfigured it. Indeed, when it comes to smart social policy and boosting consumption at home, the developing world has much more to learn from Brazil than from China."
Vejo alguns problemas aí. A revista diz nele que o Brasil em algumas maneiras supera os outros países que compõem o BRIC. Em muitos aspectos tem razão. Mas onde vejo grandes pontos de interrogação é quando afirmam que somos uma democracia, que tratamos os investidores com respeito e quando elogia nosso atual política social.

Primeiro, claro que somos democracia, e não comunismo, como na China, no sentido técnico da palavra. Mas não sei, não. Não fica muito claro pra mim como pode o Brasil ser um país democrático se nele há tanta desigualdade e injustiça, mantida através da manipulação e roubo constante de seus governantes e elite dominante que apóia a censura e manipula os votos com projetos sociais. Mas, enfim, deixemos para discutir esse assunto mais tarde.

Continuando, o segundo ponto, é que dizem que o Brasil trata os investidores com respeito e elogiam a smart, esperta, política social. A revista reconhece em outro parágrafo de seu artigo que há muitos problemas no Brasil, principalmente com corrupção. Li a conclusão do reporte, e lá a revista se justifica dizendo que não fala mais sobre esse assunto pois afinal é uma revista de economia. Tem razão, não tem obrigação de tocar no assunto. Porém...

De fato, a revista não é sobre política, nem deve ser, e não é que eles ignorem na sua reportagem o lado político, mas que subestimam grandemente a questão. E com isso, a capacidade de nosso povo em dar a volta por cima. "Huh? Do que você está falando?", vocês devem estar se perguntando. Logo mais vou tentar explicar a relação, mas por enquanto quero voltar ao que a revista diz no parágrafo acima.

A revista, como mais um meio de comunicação, usa de sua reputação e prestígio, mesmo que muitas vezes desmerecido, para promover ideias. A economia não é assunto qualquer. É assunto díficil, complexo e não é pra qualquer um. Mas tomar decisões econômicamente acertadas em um país mudam o destino das pessoas. É de interesse de todos.

Por isso, o The Economist, não perde a oportunidade para incluir no meio de sua séria e excelente análise, frases como essas que são duvidosas. Sim, porque apesar de ser verdade, é uma verdade mascarada de intenções não tão óbvias para a maioria que as lê. Quando diz que o Brasil trata os investidores com respeito, é também uma forma de reforçar os forecasts que eles e outras agências de rating já fazem. Assim, se trata de uma self-fulfilling prophecy. Não é uma profecia que se cumpre por casualidade mas por causalidade.

É muito conveniente para eles demostrar entusiasmo com o fato que o Brasil tem os braços abertos aos investidores estrangeiros. Claro. Não sou contra o investimento estrangeiro, e confesso que pouco sei sobre os efeitos de uma ou otra política econômica. Nunca tomei sequer uma aula de economia, mas basta-me ler notícias sobre a situação econômica das empresas nos EUA diariamente e ver o colapso causado pelo abuso das mesmas sobre o governo para sentir muito medo dessa relação, que parece-me mais ser um romance, entre o Brasil e os EUA.

Claro que os inverstidores estrangeiros e o governo do Brasil facilita o cortejo, a paquera. Existem múltiplos benefícios; a maioria deles, econômicos. E se alguém se pergunta de onde veio tanto "interesse", para "influenciar" o Comitê Olimpico e a opinião mídiatica internacional vista recentemente na propagação de notícias sobre o sucesso brasileiro, não é díficil imaginar de onde, né? O Brasil segue sendo o mesmo que sempre foi, só que agora ele é financeiramente atrativo.

Não são só as empresas e empresários estrangeiros e investidores que estão faturando a mil no Brasil. A smart policy, ou política esperta, aliás, espertíssima, de nosso governo atual, que se diz de esquerda, é realmente de se louvar. Conseguiu melhorar a reputação do país dentro do país e fora dele pois ao tirar indivíduos da extrema pobreza, ele também conseguiu elevar o nível de "classe média", uma grande massa de individuos que vivia na pobreza. Agora, estes vivem, não na pobreza, mas na ilusão de uma vida melhor. O poder de crédito que estes recebem e a grande capacidade de enriquecer não somente os bancos, mas as indústrias de consumo são realmente motivos para qualquer economista elogiar. É realmente uma "benção".

Realmente não há nada de errado nisso. Afinal, se a economia se fortalece com o consumo, supostamente, também se fortalece nossa situação individual. No entanto, a própria revista, em seu reporte especial faz menção às semelhanças entre o Brasil e os EUA. Sob o aspecto consumista, estamos à caminho da prosperidade. Mas como o Brasil parece ter essa atitude de irmão menor acomplexado pelo sucesso do irmão mais velho, ele tenta seguir os mesmos passos deste. Só que debochando, buscando se dar bem, fazendo as coisas diferentes, e no fundo, no fundo, se desvaloriza, esquece-se de suas próprias qualidades e peca por valorizar exatamente o que há de pior na atitude de seu irmão maior.

É. O artigo traz algumas pérolas. Entre as melhores, a que a vitória do governo atual provêm do anterior e o elogio ao governo atual por manter o sistema econômico criado anteriormante. Mas assim também, como essa e muitas outras excelentes análises sobre nosso país, o artigo demostra, uma e outra vez, que o que mais teme é que o Brasil alce vôo. É por isso que não trata das questões negativas com a seriedade que deveria. A verdade é que o Brasil tem potencial, sempre teve, de ocupar o lugar americano no mundo. Claro, que não o fará tão logo e não do jeito que vamos ao querer copiar atitudes americanas. Afinal, nada vejo nada louvável em imitar o papel mais tirânico do imperialismo moderno.

Não é à toa, nem é errado dizer, que o maior desafio para o Brasil é a prepotência. Afinal, esse foi o caminho tomado pelos EUA. É esse o caminho do governo atual à seus próprios cidadãos. Como dizem pela América Latina, se les subio el humo a la cabeza. Ou seja, estão se achando. Sim, esse é um "perigo" sim. Já que somos conhecidíssimos pela tolerância e simpatia de nosso povo. Tolerância que às vezes é até demais, pois continuamente deixamos pra lá coisas que não deveríamos, em nove de viver uma vida 'tranquila'. Pena que não concorde com que esse seja o maior desafio. Pra mim, o motivo real pelo qual a revista astutamente aponta esse como maior risco é por que teme o avanço real do Brasil.

A revista sabe bem que o Brasil é um grande tesouro, assim como pedra preciosa, que nunca foi polida, nosso país, é fonte inimaginável de riquezas. Eles mesmo dizem isso ao mencionar nossa criatividade e estão tranquilos, pois pensam que no Brasil não teremos mais uma segunda 'Embraer', ou que não sejamos capazes de criar 'Harvards', ou uma empresa que chegue aos pés da gigante Google. Se arriscam a fazer tal previsão porque evitam falar sobre o problema principal, que é a causa de nosso atraso.

Volto, uma e outra vez, a pensar, que a revista errou. Falhou mesmo em não discutir com mais detalhe os grandes problemas que existem no nosso país. Nem sequer se deram o trabalho de descrever os desafios, simplesmente mencionaram uns poucos, dentre eles o problema da corrupção, da educação e de nosso sistema juridico, por exemplo.

Concordo que realmente não pertence à análise, e nem é assunto da revista, mas em perspectiva, faria muito mais sentido não ignorar tais problemas. Mas claro, isso não é conveniente nem pra eles, nem para o Brasil. Ao invés, falam sobre ilusões. Dizem:
"The country has established some strong political institutions. A free and vigorous press uncovers corruption—though there is plenty of it, and it mostly goes unpunished."
Eu não entendo a qual forte instituições políticas eles se referem: a do governo atual, aquela que apóia os Collors, Sarneys, e milhares de outros sangue-suga da vida? A impressa é livre? Como assim? E o caso do jornal O Estado de São Paulo e os de vários blogs de respeito, como A Nova Corja, que se vem obrigados a ficar calados quando procuram revelar casos de corrupção. Parece-me que isso é censura. Um sistema político forte? Faça-me o favor...

Essa é minha grande crítica ao artigo. Vale a pena ressaltar que o reporte contém uma análise profunda, com contribuições valiosas de diversos especialistas de respeito no Brasil e no mundo. Mesmo assim, creio que, ao erroneamente reportar e ignorar os graves problemas encontrados, principalmente nas instituições políticias e na falta de uma imprensa livre, isso desvaloriza em parte a matéria.

Sem uma análise que leve mais em consideração esses aspectos, onde números e estatísticas, e história, seja tão importantes quanto questões humanas, os economistas aumentam ainda mais suas chances de erro ao retratar o presente e possível futuro de nosso país.

Talvez por refletir uma verdade conveniente, talvez pelo pensamento equivocado que o lado social não vá influenciar os investimentos, ou talvez ainda, pelo temor, que estes venham a influnciar demais, é que a revista ignora estas importantes questões. Pois afinal, foi através da indiferença aos problemas sérios que vemos hoje nos EUA a grave crise econômica.

Mais ainda é cedo. Não terminei ainda de ler todas as 14 página e como disse anteriormente, pouco sei sobre macro ou micro-economia. É por isso que me dispus a começar o dialógo.

Pretendo escrever um artigo em inglês com o lado político do Brasil e enviar à revista. Nesse aí, o Brasil provavelmente decola, mas corre o risco de explodir logo após o lançamento.


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