Wednesday, September 23, 2009

Perspectives: "Our Man in Tegucigalpa"

Perspectivas: "Um dos nossos em Tegucigalpa"
Por Rachel Glickhouse

Tradução: Simone Palma

Para ler o artigo original em inglês, clique aqui.

Venho seguindo a crise política em Honduras com certo interesse, sentindo que algo não estava certo, especialmente porque considero as perspectivas latino-americanas feita pela mídia americana com cuidado, com um "grão de sal". (como diz a expressão americana)

Mas, então, esta semana, a crise tomou um rumo interessante e despertou ainda mais meu interesse.

Manuel Zelaya, presidente de um pequeno país da América Central, fora deposto no fim de junho, fato que muitos rotularam como um golpe, já que fora a força militar que o afastara de Honduras. A resposta imediata do governo americano e mídia internacional foi uma de protestos, o horror de haver um golpe de Estado em nosso quintal, depois de supostamente tanto progresso democrático na região.

Mas eu fiz algumas pesquisas e o que eu descobri, como a expressão brasileira diz, não cheira bem.

Primeiro, vamos retroceder um pouco no tempo: Zelaya vem da elite rica do país e de uma família interessante. Em 1975, seu pai foi condenado, juntamente com outras sete pessoas por serem responsáveis pelo Massacre de Los Horcones, na qual quinze sacerdotes, ativistas sociais e agricultores foram assassinados perto da fazenda da família Zelaya. Mais tarde, lhe foi dada anistia.

Agora, passemos para frente - a razão pela qual Zelaya fora deposto com o apoio de muitos no governo de Honduras fora que ele estava tentando mudar a Constituição para continuar mais tempo no cargo, e até lançou um referendo pedindo aos eleitores para criar uma Assembléia Constituinte e reescrever uma nova Constituição, a partir do zero. Temendo que Zelaya planejasse dissolver o Congresso e o Supremo Tribunal, e tentando criar como Chávez, uma ditadura, os militares hondurenhos enviaram Zelaya para a Costa Rica. Um blogueiro politico hondurenho em favor de sua expulsão nos dá sua opinião:
A expulsão de Zelaya foi um crime, mas foi por esse crime que a atual ordem legal foi salva. Este não seria o caso se Zelaya tivesse cumprido a sua intenção de convocar uma Assembléia Constituinte, para dissolver o Congresso e o Tribunal Supremo. Este é um caso análogo ao princípio de auto-defesa em direito penal. Ao expulsar Zelaya o sistema agiu em legítima defesa, para sua própria auto-preservação.
Enquanto isso, eu chequei com um blogueiro americano que viveu em Honduras por muitos anos e segue a política de perto. E como era de se esperar, Zelaya e sua família têm milhões em contas no exterior, e após seu afastamento do poder, as autoridades descobriram que, "surpresa, surpresa", Zelaya tem roubado do governo e utilizado de fundos públicos, que incluem mas não se limitam, para: aluguel de helicópteros, compra de vinhos, charutos, jóias, um cuidador para seu cavalo, pinturas a óleo, um som para seu carro, reparos de motocicletas e esculturas. Soa familiar?

Mas aqui é onde o Brasil entra.

Depois de viajar por quinze horas, Zelaya e sua esposa entraram clandestinamente
em Honduras, na segunda-feira, onde decidiu fazer residência na embaixada brasileira. O governo brasileiro foi rápido em negar qualquer relação e Zelaya disse à imprensa brasileira que ele fora quem se aproximara dos brasileiros, mesmo não tendo a intenção de pedir asilo. Os militares hondurenhos cercaram o prédio, e cortaram a electricidade, água e linhas telefônicas da embaixada, apesar de que na noite passada eles tiveram sua água e eletricidade restauradas. O governo brasileiro está preocupado com seus funcionários, temem que os militares hondurenhos possam agir com violência. Entretanto, uma pesquisa mostra que os hondurenhos são fortemente contra a presença de Zelaya no país, que eles não acreditam que vai ajudar a resolver a crise.

Brasil pode parecer uma escolha lógica, como um porto seguro, dada a sua posição do país como o mais poderoso da América Latina e da posição diplomática de Lula como porta-voz a e representante para o mundo em desenvolvimento. Além disso, o Brasil tem tradicionalmente sido um mediador em conflitos latino-americanos, e consegue ser tanto um aliado dos EUA e amigo de Castro e Chávez.

Mas eu estou convencido de que os EUA estão por trás da coisa toda.

Presidente Lula e seu ministro de relações exteriores acontecem de estar em Nova York esta semana para uma reunião na ONU e o Lula irá aceitar um prêmio do Wilson Center. Sem contar, que o Lula tem uma relação muito boa com Obama, que também está em Nova York esta semana.

Robert White, presidente do Center for International Policy's no LA Times dá uma pista importante:
"Hugo Chávez, da Venezuela já ameaçou uma intervenção militar para restaurar a democracia em Honduras. Se os EUA continuarem a sentar-se à margem, Chávez poderia costurar uma coalizão para reinstalar Zelaya e criar um estado anti-americano em Honduras, que poderá servir como um ponto político e econômico para aliados de Chávez: os iranianos, chineses e russos. Milhares de pessoas na América Latina, de repente veriam Chávez, não os Estados Unidos, como aquele que garante a democracia e a liberdade - e estariam dispostos a fechar os olhos aos abusos e amigos desagradáveis.

Obama precisa reconhecer que, em Honduras, a democracia e a credibilidade de seu governo estão em jogo. Ao tomar uma posição lá, o presidente pode garantir que maiores ameaças à democracia e à segurança dos Estados Unidos nunca irão se desenvolver."


Então, por que fazer os EUA parecer como o cara ruim, como é frequentemente visto na América Latina, e ao em vez dar ao Brasil o trabalho sujo? Não é nenhum segredo que os EUA tende a trabalhar nos bastidores quando se trata de crises políticas na América Latina, e isto não parece ser diferente. Deixar o Brasil ajudar Zelaya entrar no país e esperar para ver o que acontece, antes de apoiá-lo oficialmente em seu retorno ao poder, mantém os EUA a uma distância diplomática que é segura, enquanto ela coloca o Brasil em posição crucial. Zelaya pode ser um líder corrupto e ineficiente, mas isso não é necessariamente um impedimento para o apoio dos EUA. Manter uma postura firme na ilusão da democracia nas Américas tem sido sempre uma grande prioridade para o governo americano. Eles vão se preocupar com outro Chavez quando vejam um - até então, nenhum golpe ficará impune.

Mas é apenas uma teoria minha - O que você acha?

Fonte: Adventures of a Gringa in Rio

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2 comments:

  1. Sua teoria é 100% fantasiosa. O Brasil e o Lula não trabalha e nunca trabalhará com os EUA, isso é o principal diferencial da diplomacia brasileira moderna, se afastar dos EUA, representando a esperança dos que não tem voz nesse mundo. O mundo esta cansado dos EUA, o Brasil representa o alter ego do mundo nesses tempos. Comercialmente, o Brasil se afasta dos EUA e passa a se aproximar da Asia, America(excluindo os EUA), Europa, Africa e Oriente Médio. A moral dos EUA esta mais baixa do que a do Sarney por aqui. As gangues, violência, trafico de drogas, filmes de hollywood,fast food, guerras sem fim,uma overdose de produtos da americanização, esta fazendo com que a sociedade se redescubra e busca coisas que tem a ver com a sua cultura, que é originalmente harmoniosa. Os EUA mostram um momento de extrema fraqueza para o mundo.Esqueça os anos 80, o mundo mudou e deixou isso claro na escolha das Olimpíadas, separação total entre o Lula e o Obama, um em primeiro lugar e o outro posto em último. O mundo rejeita as ideias dos EUA, ainda consume seus produtos, mas eles já tem que vende-los com humildade. Tempos melhores estão a caminho. O mundo quer ser mais feliz.

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  2. Olá! Obrigada pelo seu comentário! Tens razão em alguns pontos, porém acredito que Rachel não quis dizer que o Brasil trabalha com os EUA. Mas que os EUA está cumprindo papel secundário.
    De todas maneiras, acho que o mundo será um lugar mais feliz quando exista mais respeito mútuo entre as nações. Como você disse o mundo ainda consume os produtos americanos, muitos produto de pura inovação, não nos esqueçamos do muito que podemos aprender deles e viceversa. O importante é o respeito e sem dúvida o período que se vive por aqui ajudará na mudança.
    Um grande abraço!

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